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terça-feira, agosto 24, 2010

ETAPA VALLNORD 2



Mais um dia, mais Sol, apesar das previsões nada animadoras que chegavam da sala de refeições, por intermédio do compatriota Jorge. Como este minhoto radicado em La Massana já tinha falhado todas as previsões anteriores, o pelotão preparou-se para um mais um dia de calor e pó. E foi mesmo isso que teve.

Após mais um lauto pequeno-almoço, perfumado por um ligeiro aroma a cânfora que desde a noite anterior tomara conta do hotel, cabia agora enfrentar a primeira dificuldade do dia: fazer com que o idiota que dois dias antes nos tinha vendido o forfait errado rectificasse o seu erro e entregasse o almejado cartão “Bike Andorra” e as respectivas senhas (sendo que uma delas dava direito a uma bebida, como o Alberto Stressador fez questão de ir recordado ad nausea ao restante pelotão). Apesar da imensa bicha que já se formara àquela hora, o caso já era do conhecimento geral, pelos que fomos logo encaminhados para os serviços da estância. A Rosa tratou de tudo com eficácia, apenas interrompida aqui e ali pelo Alberto Stressador, que se queria certificar que os restantes membros da caravana também recebiam a senha para a sua bebida grátis.

Posto isto, o pelotão estava pronto a atacar novamente as encostas de Pal, a começar pela pista de 4x. Como esta estava “Tancat”, rumou-se ao sempre fiel wood park, logo seguido de uma séria de passagens pelo Pic de Cubil, onde houve tempo para fazer umas fotos. O ponto escolhido foi o mini wall ride, onde visto um bom exemplo de “como não fazer”, cortesia de um atleta local, (quase) todos os outros Albertos superaram sem dificuldades. Tal como no dia anterior, os irmãos Schleck envolveram-se numa discussão animada, para ver qual deles passava mais rente ao chão. Apesar das fotos captadas pelos Albertos Filmador e Rosnador, não foi ainda possível determinar a quem cabe a honra do wall ride mais baixo. Foi dirigido um apelo à UCI para recorrer ao photo-finish.

A surpresa da manhã estava contudo reservada para o Alberto Rosnador, em quem era já visível o transtorno provocado pela perda dos seus estimados pombos. Depois de mais uma sessão na pista Corpalanca, este Alberto decidiu que também tinha direito a ficar com uma recordação. Se bem pensou, melhor o fez: depois de passado o salto, e já com a recepção à vista, saca um portentoso no foot can-can to foot plant no relevê, e tudo perante o olhar estupefacto dos restantes Albertos. Perante esta demonstração de força, que deixou o Alberto Rosnador fora da corrida o resto do dia, o pelotão rendeu-se às evidências e rumou a La Massana para reabastecer.

Apesar dos avisos do Alberto Trancador que a R66 seria atacada a fundo, e sem paragens, este acabou por chegar em último, depois de, num pequena pausa para reagrupar, viu o restante pelotão passar descontraidamente rumo ao almoço, enquanto remendava um furo na máquina do Alberto Stressador (estragando um par de luvas novinhas em folha no processo, depois de ficar com um dedo entalado no eixo da roda, devido à pressão do Alberto Stressador para arrancar dali para fora, não fosse acabar o pão de forma).
Perante a debandada geral do pelotão para o refúgio do fiambre Nobre, os dois Albertos que ficaram na cauda da corrida sentaram-se comodamente no Granja e devoraram uma butifarra suculenta, enquanto lavavam a vista com outras carnes.

A parte da tarde foi marcada pelo abandono prematuro dos irmãos Schleck, nitidamente incapazes de aguentar a pressão colocada pelos restantes corredores. Enquanto estes se refugiavam a banhos na Caldea, a restante caravana recebia a melhor notícia da semana. O camarada Alberto Medalhad’or acabara de arrancar de Algés city, devendo alcançar o pelotão pela noitinha. Mas ainda não tinham saboreado esta novidade, já um susto assombrava os ciclistas. Depois de se ter esquecido da cabeça em Ouressa, o Alberto Stressador saiu da telecabine sem capacete (TLD, colecção 2072, pois claro), tendo corrido para dentro da mesma em desespero para o recuperar, já com as portas a fechar, perante o ar incrédulo dos restantes corredores e do operador do sistema.

A parte da tarde seria dedicada a explorar melhor a nova pista do Cubil, onde um duplo ainda resistia invicto. Com o Alberto Filmador na cabeça do pelotão, o obstáculo acabou por ser ultrapassado sem dificuldade por 75% dos corredores. Desmoralizados por continuarem sem fazer o pleno, os 4 Albertos partiram em direcção às encostas mais baixas, onde pretendiam apurar alternativas à R66. Arrumado logo à primeira passagem por falta de altura do material (e não de material à altura), o Alberto Trancador deixou os restantes companheiros a encontrar o caminho marítimo para Sispony.

As sombras já tinham coberto o vale de La Massana quando estes deram por finda a etapa, não sem antes o Alberto Roncador ter tirado a vida a um pobre piriquito-canário mudo, que se lhe atravessou à frente, confundido certamente o dourado guiador Answer com o seu adorado poleiro. Paz à sua alma...

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