6ª FEIRA
Pouco passava da hora marcada e já o telemóvel tocava com vozes de protesto para o atraso de poucos minutos. De nada servia, pois afinal a comitiva ainda teve de esperar que a Queen (vinda directamente do casamento real) mudasse a toilette para colocar a farda de combate.
Finalmente, com todos a bordo, lá seguimos para a luta munidos das 10 montadas, mas não sem antes termos reforçados as instruções de interdição às praticas columbófilas dentro da “biatura”.
Condução segura e sem muito trânsito, a malta só começou a espumar da boca quando saímos da A1, na medida que se intensificou o falatório a respeito do bacalhau da “Casa Perninha”, repasto já obrigatório nas incursões de combate da militia para aquelas bandas. Cumprida a refeição, o deleite de todos os comensais era comprovado pelos vastos e sonoros arrotos com cheiro a alho. Retomámos então a marcha de mais uma missão de combate – nome de código...
“Sôres Vítores Atacam a Lousã”.
A chegada e acomodação na Lousã decorreu sem problemas, e as únicas dúvidas que se levantavam eram respeitantes aos parceiros de quarto. A pergunta era sempre a mesma, e tinha por objectivo identificar quem roncava menos.
Para se assegurar uma pernoita calma, foi obrigatório a tomada de um sedativo muito afamado por aquelas bandas, de nome Licor Beirão. Desta vez o descanso foi facilitado por não termos ficado nos quartos por cima do bar do karaoke, cujas sessões contínuas se prolongam até cerca das 4 da manha e em muito prejudicam o necessário descanso.
SABADO
7.45 alvorada. Despertador? Nada disso. Eram já os camaradas que se apresentavam para a luta, vindos directamente da capital. 3 retardatários que vinham com a pica toda e se encarregavam de acordar a tropa com forte algazarra. O repasto matinal (ovas de esturjão com sumo de mirtilo) antecedeu o rápido carregamento das burras e lá seguimos serra acima com o nervoso miudinho dos estreantes a aumentar com a altitude da montanha. Temperatura muito amena e rasgos de sol, proporcionavam condições perto do ideal e a luta desenrolou-se durante toda a manhã sem chuva que só apareceu já perto da hora do almoço, conforme as previsões acertadíssimas do Camarada Vítor Paulinho. Várias descidas para o Terreiro das Bruxas, Gondramaz e Mondraker antecederam o almoço, mas não sem que antes pudéssemos apreciar um fabuloso OTB de fronha ao relvado protagonizado por um dos sôres Vítores novato nesta andanças, que já justificou o custo do capacete e equipara-se à mais perfeitas das simulações para penalti.
A grande logística instalada (só equiparável à dos marines “amaricanos”) possibilitou um repasto de sandes de bata fritabarulho acompanhado de suco de cevada que, entre descrições de trajectórias e de perseguições em alta velocidade, garantiram a reposição das energias dispendidas durante o combate matinal.
Antes de se retomar a luta, efectuou-se um up grade de equipamento, tendo o camarada Vítor Broeiro instalando-se uma nova arma de calibre 785, que se veio a demonstrar um pouco exagerada para a envergadura do militar. Ou um cresce ou o outro encolhe, pelo que dúvida está agora em decidir se cortar do lado direito ou do lado esquerdo.
De tarde, mais descidas, agora temperadas por uns persistentes salpicos, propositadamente encomendados para aperfeiçoamento das técnicas milicianas. Foi uma “granda padrada” este dia de descidas que terminou sem feridos graves (apenas um tornozelo torcido que inchou, desinchou e há-de estar quase a passar).
No final do dia, aquando da recolha às camaratas, fomos apanhados numa emboscada preparada pelo inimigo, que nos atingiu com potente arma química, 150 vezes pior que o gás mostarda do Sadam. Atordoados, vacilamos mas não caímos.
Como a hora era já avançada, assegurou-se os procedimentos de higiene e a mudança para a farda nº 2, seguindo a comitiva directamente para o Borges onde estava encomendada uma bela chanfana. Tudo isto regado abundantemente com Super-Sumo, uma frescura do caraças... Quem não gostava comeu “fêveras” (que é “fêveras”?). Os camaradas tiveram o prazer da companhia, ainda que breve, dos irmãos Dan e Gee Vítor, e mais um gajo qualquer, a quem chamámos Sôr Vítor, para facilitar.
Com boa disposição e barriga cheia,. era hora de alguns Sôres Vítores recolherem à região militar de Sinta, uma vez que a licença não dava para mais. Assim, regressaram à base os camaradas com afazeres familiares e laborais, que se encarregaram do transporte dos feridos de combate. Um com o tornozelo todo lixado e outro com ferimentos graves no orgulho, depois de ter sido humilhado com forte barrote da generalidade dos camaradas. Coube por isso aos restantes Sôres Vítores de assegurar uma incursão nocturna para reconhecimento do terreno. Por esta altura, sofremos uma abordagem intimidatória de uma brigada da GNR à paisana e com sotaque de Ipanema, que andava à toa em perseguição de uns incendiários de eucalipto. Apesar do convite para confraternização, não nos deixámos intimidar e mantivemos o nosso disfarce assegurando o anonimato. Assobiámos para o lado e seguimos para bingo.
Houve por esta altura uma recolha prematura aos aposentos, mas os camaradas mais fortes tiveram ainda possibilidade de reforçar os ânimos com mais doses do licor das beiras. Antes de se apagarem as luzes alguns ainda reviram imagens de combate (desta vez sem necessidade de virar o PC de pernas para o ar), enquanto outros se entretinham com um filme na linha do porkys. Seguiu-se uma noite santa, em que ninguém se apercebeu de roncadelas, rosnanços de almofada, cantigas de karaoke ou sinos de igreja.
DOMINGO
Domingo de manhã ainda havia dúvidas quanto á estratégia, mas logo se dissiparam quando unanimemente os resistentes do pelotão decidiram enfrentar as hostilidades com mais andamento. Foi também uma oportunidade para testarem as montadas dos restantes camaradas, que tiverem direito a um tratamento que desconheciam nas mãos dos donos, ou seja, B-A-R-R-O-T-E!!! Desta vez em menor numero, os 5 finalistas voltaram a tomar de assalto as pistas do Terreiro das Bruxas e de Gondramaz, onde, sob condições bastante mais adversas, se desenvolveram manobras de combate até cerca das 13 horas.
Por esta altura regressámos à base e assegurámos novos disfarces para irmos apreciar as manobras do inimigo na primeira linha de combate, mas não sem antes termos comidos 2 “sande de coirato” e 3 “mines” cada um dos Sôres Vítores, tudo isto enquanto o camarada Vítor Magalhães cruzava a meta com um tempo que seria digno do camarada Vítor Paulinho, se este tivesse corrido. Infiltrados no cenário de guerra, verificámos que os combates decorriam com grande intensidade. A Maxxis Internacional estava na fase final e as alterações no Hot-Seat eram constantes. Acabou por levar a melhor Gee, o mais novo dos irmãos AthertonVítor, seguido de Antonio um espanhol qualquer chamado PajueloVítor, e Emanuel Vítor Pombo em 3ª lugar.
Referencia o bravo camarada de luta José Vítor Salgueiro que assegurou a representatividade da militia no pódio de master onde ocupou o lugar cimeiro. Daqui lhe endereçamos um grande e forte abraço.
No percurso de regresso à base discutiam-se estratégias de combate, tendo ficado mais ou menos decidido que as próximas manobras decorrerão num teatro de guerra na zona de Águeda. Até lá.
2 comentários:
Falta acrescentar a proverbial conclusão das nossas crónicas...
fomos e viemos, e não nos aconteceu mal nenhum...
abc a todos os camaradas
C
e eu acrescento mais ..." fomos e viemos, e não nos aconteceu mal nenhum..." e ainda curtimos bué!!!! TT
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